Uma capa-mentira a sugerir que os “lideres políticos” (campeões da hipocrisia) estiveram, lado a lado, com as centenas de milhar de manifestantes nas ruas de Paris. O que já ontem todos sabiam não ter acontecido. Entre eles e os manifestantes havia um vasto espaço vazio e protegido por uma segurança reforçada que o DN esconde atrás de um filete branco, a separar as duas imagens, que dão a ideia de contiguidade. Mais uma vez o DN presta-se a reservar para si o papel de guardião da mentira.
Os órgãos de comunicação social que alinharam neste embuste (o DN é disso um exemplo extremo) sabem bem que ele não reflecte só a mentira em causa. A propaganda organizada, que desta vez deixou cair a máscara, é a mesma que alimentou a ideia das armas de destruição maciça no Iraque, nos escondeu Abu Ghraib e a mão cheia de crimes de guerra praticados pelas principais potências, do Mali ao Afeganistão, da Venezuela à Palestina. O maior significado deste embuste é que à sua imagem, todos os outros foram feitos em consciência, num sistemático atentado à liberdade de expressão. Paradoxalmente a sua denúncia tem um mérito inolvidável – um imenso aplauso aos jornalistas que não se vergaram – é que ela fez mais pelo alinhamento dos réus de Charlie Hebdo do que qualquer Tribunal Penal Internacional. Às vezes a ditadura do espectáculo mata os ditadores. Estes, ao contrário dos que foram assassinados, em Charlie Hebdo e um pouco por todos os países em que as “democracias ocidentais” transformaram em atoleiros, ficaram feridos de morte.
Fontes: Portal Anarquista e L´obéissance est morte
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